terça-feira, 5 de julho de 2016

Morre o Mestre Fontes de Alencar.



Morre o Mestre Fontes de Alencar. 
Por Luiz Eduardo Oliva.

Morre o grande mestre do direito e da literatura (era da Academia Sergipana de Letras), o jurista e Ministro aposentado do STJ Luiz Carlos Fontes de Alencar.

De uma família de inteligência destacada, o mestre Luiz Carlos era filho do poeta Clodoaldo Alencar, que integrou a Academia Sergipana de Letras "por merecimento", assim como ele e mais dois irmãos, o recém falecido poeta Hunald Alencar e o ex-reitor da UFS Alencar Filho. Era também irmão do grande artista plástico Leonardo de Alencar.

Ao chegar ao STF escolhido dentre desembargadores (na época ele integrava o Tribunal de Justiça de Sergipe, do qual foi presidente) por sugestão da informática do STJ (disse-me ele) passou a ser conhecido somente pelo sobrenome "Fontes de Alencar".

Era natural de Estância, 82 anos (31 de dezembro de 1933), e também foi membro da Academia Brasiliense de Letras.

Tive o privilégio de ter sido seu aluno na Faculdade de Direito de Sergipe ainda no velho prédio da Av. Ivo do Prado, que hoje abriga o Cultart.

Professor Luiz Carlos, como eu gostava de chamá-lo, me mostrou os caminhos do STJ quando fui candidato a Desembargador Federal em 2001, apresentando-me a ministros que tinham influência no TRF da 5ª Região porque era necessário os votos para a lista tríplice (eu liderava a lista sêxtupla do Conselho Federal da OAB).

Era brilhante nas argumentações e também dono de uma memória privilegiada. Um dos seus últimos livros foi sobre a Questão do Acre, "História de Uma Polêmica", no qual se destacam figuras como o Barão do Rio Branco, Rui Barbosa e, sobretudo, o jurista sergipano Gumersindo Bessa.

O velho mestre era um colecionador de títulos sergipanos, garimpando obras de autores da terra D'El Rey. Com ele vai a sua memória fulgurante, o mestre que tinha a precisão do direito - sobretudo na esfera do processo penal - e trazia nas citações que fazia de artigos de lei e da doutrina uma cultura jurídica polifacetada, fazendo seus alunos e interlocutores pensar para além da letra fria da lei e do direito.

Feliz dos que beberam da sua inteligência e vasta cultura. Esses são privilegiados. Eu me sinto um deles e rendo-lhe minhas homenagens por essa honraria.

Postagem originária do Facebook/GrupoMTéSERGIPE, de 3 de julho de 2016,
Artigo de Luiz Eduardo Oliva, compartilhado por Aída Campos.

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